O fundo é constituído por 128 cartas que foram escritas entre 1956 e 1994. Para garantir a anonimidade, as cartas serão identificadas apenas como FB. Os remetentes centrais desse fundo são o pai (W), a mãe (E) e a filha (A). Eles viviam em Copacabana no Rio de Janeiro, até que a filha vai estudar em Paris e lá se estabelece. As cartas retrataram prioritariamente esse período do afastamento da filha (A), mas há outros remetentes que compõem a amostra: a mãe de (W), os seus irmãos e os sobrinhos que viviam em Belém do Pará. Não se tem certeza do local de nascimento dos remetentes, mas é provável que a filha (A) seja mesmo natural do Rio de Janeiro, pois ela diz, em dado momento, “sou realmente carioca demais para poder passar mais de 3 meses sem escutar o barulho do mar e sentir o sol no meu corpo” (carta 55 FB 25-04-1975). Os pais nasceram no primeiro quartel do século XX e a filha possivelmente nasceu depois de 1940. O pai (W) tinha uma alta patente militar, mas foi preso e julgado pelo Supremo Tribunal Militar em 1965. A mãe de A, identificada como (E), era católica praticante. As cartas de (A) aos pais, por serem as mais numerosas, nos dão outras evidências do perfil social dela e de sua família. Diferentemente da mãe e dos irmãos, a filha (A) participava de redes sociais bastante amplas e diversificadas. Viveu por um longo tempo em Paris, onde levava um estilo de vida extremamente elevado: viajava por toda a Europa, convivia com amigos da alta sociedade entre eles filhos de embaixadores e outras pessoas de alto nível social. Além de francês, sabia inglês e um pouco de alemão. Trata-se de uma família abastada, mas o domínio dos “modelos de escrita” é diferente entre eles.

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